No final do ano passado escrevi um post sobre a Bauhaus, contando brevemente sobre a minha relação de amor com essa escola e com a inspiração que ela traz frequentemente pra minha vida. Comentei que faria uma série de posts e, por esse motivo, estou voltando com o mesmo tema. Na ocasião da minha pesquisa, acabei visitando duas das cidades sede da Bauhaus, na Alemanha, suas instalações e acervos. Do alto de toda a emoção daquela viagem, escrevi esse texto abaixo e acho tão “fofinha” minha emoção descrita ai, que resolvi compartilhar…
-“De Berlin a Dessau, a cidade mais importante da Bauhaus, onde a escola pôde florecer de forma ímpar, foram algumas horas de trem, percorrendo um caminho lindo e cheio de anseios”-
Era dia 27 de fevereiro de 2016 quando meu despertador tocou naquela manhã gelada, típica do inverno alemão. O sol entrava pela janela do quarto do hotel, enquanto meu coração já nos primeiros momentos do dia, batia acelerado, não se contendo de euforia com o que estava por vir.
O céu azul. O vento frio. A umidade vinda do rio que passava ao lado dos arquivos da Bauhaus de Berlin. O barulho da água, a necessidade introspecção. A música clássica que ressoava nos fones de ouvido, o sketchbook debaixo do braço, a câmera fotográfica a postos. A ânsia por descobrir, desvendar e revelar de forma mais clara o que povoava minha cabeça de forma tão onipresente nos últimos meses. Ali estava uma grande parte do legado deixado por estas pessoas que tanto me inspiram. Me permiti adentrar o acervo do museu sem pressa. Sentada no chão, anotava vorazmente tudo: o que passava pela minha cabeça, o que via, as informações que colhia e as sensações que sentia. Ali, passaram-se seis horas num espaço que poderia ser percorrido em uma hora no máximo. Dessa forma, categoricamente, começava minha imersão.
28 de fevereiro. De Berlin a Dessau, a cidade mais importante da história da Bauhaus, onde a escola pôde florescer de forma de ímpar, foram algumas horas de trem, percorrendo um caminho lindo e cheio de anseios. A chegada em Dessau foi na madrugada e, ao primeiro raiar do sol, eu estava a postos para desfrutar da forma mais intensa que eu pudesse daqueles momentos inesquecíveis que estavam por vir.
O prédio da escola abria para visitação às dez horas da manhã e eu, pontualmente, estava ali. Me rendi aos ensinamentos de Johannes Itten e, antes de colocar meus pés dentro do prédio de Bauhaus, meditei ali mesmo, no pátio da escola onde tanta coisa aconteceu enquanto a Bauhaus despontava totalmente transgressora. Me concentrei na minha respiração, em tudo que desejava para aquele dia, nos meus anseios. Repeti meu mantra da forma mais centrada que eu lembro ter conseguido. Me despi de toda e qualquer influência do mundo exterior e me permiti embarcar em uma das viagens mais inesquecíveis da minha vida. Celular em modo avião, sketchbook a postos e câmera na mão. Entrei de forma supersticiosa, com o pé direto, naquele prédio tão emblemático.
Mergulhei. As paredes eram frias. Mas cheias de vida. O sábio uso das cores causava a impressão de estar vagando por uma tela, que poderia ser de qualquer um dos artistas que passaram por aí. Andei pelos corredores sozinha, só escutando o ecoar dos meus passos pelos longos corredores vazios…Me deixei levar pela curiosidade que me fez percorrer cada centímetro daquele lugar, tocar as plaquinhas fixadas ao lado de cada uma das portas e que indicavam onde, outrora, funcionara a Oficina de Metal, o auditório, as salas de aula. Quanta emoção! Estava vendo e sentindo sob meus olhos os cenários das fotos e dos registros que povoavam minha cabeça. Chorei. Mas, como não chorar?
Depois de viver cada pedaço daquele prédio, voltei à rua gelada. Caminhando, me dirigi às casas dos mestres. As percorri uma a uma. A casa remodelada do Gropius, Kandinsky e Paul Klee, pude ver as cores escolhidas por eles para cada uma das paredes, para cada um dos cômodos, a forma com que viviam na intimidade, a relação com o espaço. Lembro de ter sentado na escadaria da casa de Kandinsky, incrédula, me permitindo digerir com calma tudo aquilo. Me descobri, literalmente, no meu tema e percebi que, embora acreditasse que eu o tivesse escolhido, foi ele quem me escolheu. Meu amor e minha admiração por todo o legado da Bauhaus traduzido em imagens.
Quem ai também é apaixonado pela Bauhaus? Já teve a chance de visitar esses lugares? Conta aí nos comentários, vou amar trocar essas figurinhas com vocês!
Até breve!
Com amor, Monica.
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